sábado, 2 de abril de 2011

Juiz de Barrelas

Local onde foi proferida a sentença
O Juiz de Barrelas é uma das figuras mais populares da história deste concelho. Hei-lo aqui descrito pelo alunos do 6ºB (ano lectivo 2007/2008):
A lenda refere-se à mais célebre sentença do juiz de Barrelas, de Vila Nova de Paiva. Pois na aldeia de Barrelas havia uma tal Teresinha, casadoira, com farto dote dado pelo pai, Ti Mingocho. A rapariga, ainda que bem intencionada era um tanto toleirona ou ingénua. Assim, acabou por ficar quase a sucumbir ao palavreado de um da terra que se lhe aproximou por absoluto interesse. Por sorte a Teresinha apercebeu-se a tempo do risco que estava a correr e acabou com aquele namoro com o Zé Queiroga. E voltou-se para o José Solano, seu amigo de infância, por quem acabaria por se apaixonar de verdade. E casaram.

Zé Queiroga, fingindo-se indiferente ao resultado daquilo tudo, fez-se até amigo de José Solano. Mas, lá no fundo, engendrava uma vingança, mas não conseguia dar-lhe saída.

E a oportunidade surgiu-lhe quando menos contava. Certa madrugada, José Solano estava deitado com a mulher quando lhe sobreveio uma fortíssima dor de dentes. O remédio na época eram bochechos de aguardente e ele saltou da cama e foi à taberna da esquina. Enquanto bochechava, jogavam às cartas o Zé Queiroga e outros amigos. Então este ergueu-se e pediu ao Solano que o substituísse no jogo só enquanto ele ia num instante a casa por qualquer motivo, acrescentava que aquilo até o poderia distrair. E saiu disparado a casa do Solano, entrando-lhe na cama e metendo-se-lhe com a mulher. A dor de dentes fingida serviu de pretexto para não haver palavras. Ela só lhe disse que estava gelado. Assim como entrou, saiu, indo libertar o Solano ao jogo.

Este chegou a casa, e a mulher estranhou que ele não se lembrasse de já lá ter estado com ela. Concordaram que ela teria sonhado. Porém, no Carnaval seguinte, nas pulhas o Queiroga cantou sob a janela do Solano: Já dormi na tua cama/Já enxovalhei o teu brio/ Lembras-te quando disseste/ Ai Jesus que vens tão frio! E o casal percebeu o que se passara. O Solano arranjou maneira de, num duelo, matar o Queiroga. A tal assistiu, oculto, o juiz, que nada disse. Porém, os da banda do Queiroga arranjaram testemunhas falsas e inculparam outro da terra, que odiavam. O juiz não se queria descobrir e o julgamento fez-se. Solano, entretanto, confessara-se ao juiz, que o mandou calar, que só lhe aceitaria a confissão se preciso fosse, pois achava que ele lavara a sua honra com dignidade.

E eram tortuosas e poderosas as falsas testemunhas de acusação contra o réu inocente, que o juiz não teve alternativa e ditou a sentença:

– Vistos os autos…

Vi e não vi; sei e não sei; corra a água ao cimo; deite-se o fogo à queimada; dê-se o laço em nó que não corre, etc. Por tudo isto e em face da plena provado processo constante, condeno o réu na pena de morte, mas dou-lhe cem anos de espera para se arrepender dos seus pecados. Cumpra-se. O Juiz de Barrelas.

E assim se salvou um inocente e ficou à margem de tudo quem salvara a dignidade num corpo a corpo, cada qual com a sua navalha.

in, http://sextobvnp.blogs.sapo.pt/3950.html

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